A série coreana Carma, da Netflix, começa como uma antologia: histórias distintas de pessoas afundadas em culpa, dívidas e traumas, todas caminhando rumo a consequências inevitáveis. Mas à medida que os episódios avançam, percebemos que não estamos vendo histórias separadas que se cruzam — e sim ramificações de uma mesma tragédia. O ponto de origem: Ju-yeon A chave para entender Carma está em Lee Ju-yeon, a médica assombrada por traumas do passado. Descobrimos que, na adolescência, ela foi vítima de abuso sexual por Park Jae-yeong, colega de escola. Esse evento devastador foi enterrado por anos — até que o próprio Jae-yeong, já adulto, decide simular a morte do pai para receber o seguro e fugir de dívidas. Essa escolha criminosa é o ponto de ignição. A fraude não apenas traz à tona velhos nomes e conexões do passado, como também lança uma série de consequências que colidem com a vida de outras pessoas, como Kim Beom-jun, o homem que assume a identidade de Jae-yeong; o médico Jeong-min, namorado de Ju-yeon; e outros personagens que acabam envolvidos nos desdobramentos dessa farsa. As peças do quebra-cabeça Durante boa parte da série, Carma parece contar três histórias paralelas: um homem que quer matar o pai por dinheiro, outro que atropela alguém e tenta fugir da culpa, e uma médica atormentada por memórias antigas. Mas aos poucos entendemos que tudo vem do mesmo lugar — do trauma de Ju-yeon e do ciclo de violência iniciado por Park Jae-yeong. O que parecia um mosaico de tragédias individuais é, na verdade, um efeito dominó causado por um único pecado original. O destino de Kim Beom-jun (a testemunha) Ao assumir a identidade de Jae-yeong, Kim Beom-jun herda não só os problemas do homem, mas também seu carma. Ele é capturado por agiotas e levado a uma clínica clandestina de tráfico de órgãos. E quem opera nessa clínica? Jeong-min, o médico que também é namorado de Ju-yeon — como se o destino tivesse conduzido Beom-jun ao seu julgamento final. A escolha de Ju-yeon Ju-yeon tem a chance de se vingar diretamente, mas recua. Não porque esqueceu ou perdoou, mas porque escolhe não se tornar igual aos que a machucaram. A série deixa claro: escolher a paz também é um ato de força. E mesmo assim, o carma cobra sua conta — Beom-jun morre, ainda que por outras mãos. Quando tudo se fecha Ao final, todos os personagens que erraram de forma egoísta ou cruel enfrentam consequências graves. Já os que tentaram romper com o ciclo de violência — como Ju-yeon — encontram alguma forma de redenção. A série nos lembra que o carma não é apenas uma punição, mas um mecanismo natural de equilíbrio. O que Carma realmente mostra Akyeon (Carma) não é só uma história sobre culpa ou vingança. É sobre como um único ato violento, mesmo que enterrado por anos, pode gerar ondas que se espalham e destroem outras vidas. É um alerta sobre como o passado molda o presente — e como ninguém realmente escapa das consequências de seus atos. No fim, tudo começa com Ju-yeon. E tudo termina com o carma fazendo justiça.
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